28 de abr. de 2013

BERTRAND RUSSEL & Georg Bernard Shaw



[ PEDRO LUSO DE CARVALHO ]


BERTRAND RUSSEL – matemático e filósofo britânico – nasceu em Trellek, País de Gales, em l872 e morreu em 1970; foi um dos criadores da lógica moderna, e também conhecido pela luta que empreendeu contra o uso das armas nucleares. Além de ter sido distinguido com o recebimento do Prêmio Nobel de Literatura de 1950, discorreu sobre a longa vida de George Bernard Shaw, dizendo que ela poderia ser dividida em três fases: a de crítico musical, polemista, novelista e inimigo da impostura, até aos quarenta anos de idade, na primeira fase; na segunda, autor de comédias, com as quais obteve merecido êxito; na terceira fase de vida surgiu Shaw como profeta, admirado por Santa Joana de Orleans e São José de Moscou. Bertrand Russel diz que o achava encantador e útil nas duas primeiras fases, e que, na terceira e última fase, a sua admiração por ele era limitada.

          Neste espaço apenas parte do ensaio de Bertrand Russel sobre George Bernard Shaw – escritor, jornalista e dramaturgo –, nascido em 26 de julho de 1856, Dublin, Irlanda, e falecido em 2 de novembro de 1950, em St. Lawrence de Ayot, Hertfordshire, Inglaterra, conhecido e admirado na Europa tanto pelo valor intrínseco de sua obra como pelo poder de seu humor sarcástico; nesse ensaio, que faz parte de um dos capítulos de Retratos de Memória, Russel sintetiza o que pensa sobre a obra desse irreverente irlandês, que, já setuagenário, obteve o Prêmio Nobel de Literatura de 1925, e que, por ser avesso ao esnobismo e honrarias, recusou-se a recebê-lo; com relutância, aceitou a distinção, mas pediu que o dinheiro fosse empregado para ajudar a difundir as letras suecas na Grã-Bretanha.

        Segue parte do ensaio de Bertrand Russel sobre Bernard Shaw, que merece nossa atenção, quer por ter sido escrito por um dos filósofos mais importantes do século vinte, quer pelo nome de quem é objeto desse estudo, pela importância de sua obra (In: Retratos de memória e outros ensaios/ Bertrand Russel. Tradução de Brenno Silveira. Rio de Janeiro: Cia. Ed. Nacional, 1958):

“O que havia melhor de seu talento – diz Russel – , ele o revelava como polemista. Se houvesse algo de tolo ou de insincero em seu oponente, Shaw, para delícia dos que estavam de seu lado na disputa, se aferrava infalivelmente ao ponto vulnerável. No começo da Primeira Guerra Mundial, publicou o seu Common Sense about the War. Embora não escrevesse como pacifista, enfureceu a maioria dos patriotas, recusando-se a concordar com o tom moral, grandemente hipócrita, do Governo e seus partidários. Era inteiramente digno de louvor nessa sua atitude, até que passou a adular o governo soviético, perdendo, subitamente, o seu espírito crítico e a sua capacidade de perceber a mistificação, se esta vinha de Moscou”.

Prossegue Russel: “Excelente como era na polêmica, não se saia tão bem quando tinha de expor suas próprias opiniões, que eram um tanto confusas, até que, nos últimos anos adotou o marxismo sistemático. Shaw tinha muitas qualidades que merecem grande admiração. Era inteiramente destituído de medo. Expunha com igual vigor suas opiniões, quer fossem populares ou impopulares. Era implacável para com aqueles que não merecem piedade – mas, às vezes, também o era com pessoas que não mereciam ser suas vítimas. Em suma, pode-se dizer que fez muita coisa boa e algumas nocivas. Como iconoclasta era admirável, mas como ícone nem tanto”.



                                                                        *  *  *


8 comentários:

  1. Obrigado pelo comentário simpático que deixou no meu blog (sobre o Villaça).
    Já fui fá do Bertrand Russell. Anda meio esquecido. Ele levou a lógica às últimas conseqüências, tentou explicar tudo em termos lógicos. Em 1917 (ou 18) em viagem à União Soviética previu - com grau de acerto extraordinário - no que aquilo degeneraria.

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  2. Olá Pedro,
    Obrigado pelo elogio ao "Cachimbo". Eventualmente eu publico alguns contos (os mais curtos, é claro) no blog, sob a rubrica "Dedo de prosa". No mais, sou grande fã das peças de Bernard Shaw, que fez da língua inglesa, por momentos, a mais deliciosa de se ouvir. Obrigado pelo trecho do ensaio... valerá a pena procurar o resto!

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  3. Muito bom esse artigo sobre Russel. Realmente o conteúdo do teu blog é de primeira.

    Não sei se conhece o overmundo. Acho que deveria publicar teus textos por lá.

    http://www.overmundo.com.br/

    Abraço pra você e para Thais,

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  4. Anônimo15:42

    Great article, Pedro! Thanks!!

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  5. Anônimo23:26

    I don't comment, but after reading a bunch of comments on this page "BERTRAND RUSSEL & Georg Bernard Shaw". I do have a couple of questions for you if you do not mind. Could it be just me or does it look as if like a few of the responses look as if they are written by brain dead visitors? :-P And, if you are posting at other places, I'd like to keep
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    1. Obrigado pela visita, Donnefar.
      Logo passarei pelo seu blog para conhecer as suas matérias.
      Abraço.

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Obrigado a todos os amigos leitores.
Pedro