29 de mar. de 2014

MANOEL BANDEIRA / Auto-Retrato



– PEDRO LUSO DE CARVALHO

MANOEL BANDEIRA (Manoel Carneiro de Souza Bandeira Filho) nasce no Recife, a 19 de abril de 1886. Com apenas três anos, muda-se para o Rio em 1890 com seus pais, Manoel Carneiro de Souza Bandeira, engenheiro civil, e Francelina Ribeiro de Souza Bandeira.
No mesmo ano de 1890 a família muda-se do Rio para Santos e São Paulo, depois para Petrópolis, onde permanece por dois anos, e de onde o poeta guarda as melhores lembranças, cujas imagens são evocadas no seu poema Infância.
No ano de 1892, Manoel Bandeira retorna com a família a Pernambuco, e passa a frequentar o colégio dos irmãos Barros Barreto. Em 1902 a família retorna ao Rio, indo residir na Travessa Piauí, depois numa casa na Rua Senador Furtado, em Laranjeiras, onde permanece durante seis anos.
Nesse período, Manoel Bandeira toma gosto pela literatura e pelos clássicos portugueses. Chega a decorar os episódios principais de Os Lusíadas. Nessa época, o jovem de dezesseis anos, encontra-se num bonde com o Machado de Assis, e declama durante a viagem alguns trechos do poema de Camões.
O ambiente que lhe oferece o Colégio Pedro II, com professores ilustres como José Veríssimo, Carlos França, João Ribeiro, dentre outros, deram alce ao poeta, que vê publicado o seu primeiro poema, em alexandrinos, na primeira página do jornal Correio da Manhã.
 O poema Auto-retrato, que segue, foi escrito por Manoel Bandeira muitos anos depois do seu primeiro poema:


AUTO-RETRATO
– MANOEL BANDEIRA


Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.

  *
 
    (Mafuá do Malungo)

* Você poderá ler a segunda parte clicando  em:   Pneumotórax

 REFERÊNCIA:
BANDEIRA, Manoel. Seleta de prosa e verso; organização, estudos e notas de Manoel de Moraes. 2ª ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1975.

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